Redução das emissões na produção de carne bovina

Redução das emissões na produção de carne bovina

O MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) definiram, no último mês de fevereiro, um acordo de cooperação técnica com a intenção de desenvolver um estudo para a criação de técnicas e mecanismos de incentivo para a redução de emissões de carbono no processo de produção de carne e leite no Brasil. A cerimônia de assinatura teve a participação do presidente do Banco, Gustavo Montezano, e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

O trabalho vai contar com alguns objetivos importantes. O primeiro é desenvolver uma calculadora de análise de ciclo de vida (para avaliar toda a cadeia de produção, desde as matérias-primas até o produto chegar ao consumidor), para medir e certificar as emissões de carbono para os diversos modelos de produção da pecuária bovina. O segundo é a proposição de mecanismos que estimulem estratégias e modelos de negócios voltados para investimentos em tecnologias de baixo carbono. A ideia é de que, até o próximo mês de abril, seja publicado um edital de seleção pública para as empresas de consultoria e para instituições de pesquisa interessadas em desenvolver o estudo.

A ministra Tereza Cristina, de acordo com o site do governo federal, diz que os estudos que serão realizados através do acordo de cooperação com o BNDES trarão muito mais credibilidade para o setor.

Segundo ela, “o Brasil é o país que tem todas as oportunidades para levar para o mundo toda a mitigação de meio ambiente, nós temos tecnologia, nós temos ciência para isso e nós já fazemos há muito tempo. Mas não adianta dizer que você reduz a emissão, que você mitiga. Você precisa ter alguma coisa baseada em ciência que dê credibilidade para que o Banco possa trazer recursos para esse setor tão importante da nossa economia”.

Já o presidente do BNDES diz que “o que estamos fazendo agora é mais um passo na corrida tecnológica do Brasil para a economia verde. E precisamos construir essa informação da quantidade de carbono para os grandes e pequenos produtores rurais, porque estamos convencidos de que isso vai ser uma vantagem competitiva para a pecuária brasileira”.

Ainda segundo o presidente Montezano, o BNDES os outros bancos públicos e privados poderão usar os dados de emissões para avaliar risco e retorno social nas análises de crédito. “É uma jornada que chegou para ficar, é inexorável; vemos isso como uma grande oportunidade e que todo pecuarista, todo industrial e todo prestador de serviço que está hoje no Brasil tem que enxergar”, concluiu.

Em todo o mundo, existem técnicas de produção pecuária que permitem neutralizar e até “sequestrar” carbono (quando uma atividade retira mais carbono da atmosfera do que emite), como é o caso da intensificação de pastagens combinada com a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Ainda que a produção agropecuária não seja a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa, a agropecuária brasileira já há anos tem buscado mitigar esses gases e também garantir a segurança alimentar.

Além de fazer com que tenhamos maior capacidade de concorrência, essa ação também vai ajudar o Brasil no cumprimento do Acordo do Metano, assinado na COP 26. Esse acordo estabeleceu o compromisso de cortar em 30% as emissões do gás até 2030. Com a parceria entre o BNDES e o MAPA, a ideia é estimular o crescimento de forma sustentável da produção de carne e leite bovinos e seu processamento industrial, ajudando o Brasil a atingir as metas de desenvolvimento da ONU.