A produção de ovos no Brasil continua tendo crescimento estável

A produção de ovos no Brasil continua tendo crescimento estável

A avicultura é muito forte dentro do país, já que a sua população é uma ávida consumidora do produto. É um setor que possui um enorme potencial de produção, o qual vem aumentando bastante nos últimos anos.

Para comentar diversos aspectos e estatísticas relacionados ao setor de ovos, entrevistamos José Roberto Bottura, Secretário Executivo da Associação Paulista de Avicultura. Ele trouxe muitas informações interessantes sobre a realidade desse segmento. Confira a entrevista a seguir:

 

ASSESISP: A produção de ovos de galinha foi de 831,31 milhões de dúzias no 1º trimestre de 2018, sendo a maior já registrada em um primeiro trimestre na série histórica do IBGE, iniciada em 1987. O que está causando esse crescimento?

 

José Roberto: Nós estamos em uma crescente na produção de ovos de consumo. Mesmo assim, é preciso ter cuidado com as estatísticas do IBGE, pois elas misturam a produção de ovos para consumo humano com a de ovos férteis na produção de pintinho. São raras as tabelas em que eles separam as atividades.

Mas é verdade que no primeiro trimestre a produção foi maior e o crescimento de produção vem de acordo com a demanda; às vezes um pouco mais, mas em torno do que é a demanda.

 

ASSESISP: São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Minas Gerais representaram 60% da produção total do país no setor de ovos na atual década. Você acredita que estas estatísticas estejam corretas? Qual é a importância do setor de ovos para a economia do estado de São Paulo?

 

José Roberto: As estatísticas estão corretas. A avicultura (frango + ovos) foi o terceiro PIB do agronegócio do estado de São Paulo, totalizando cerca de 9% de participação, sendo que o primeiro é a cana, segundo é o boi e o terceiro é a avicultura. Na avicultura de postura, São Paulo é o estado que mais tem participação e produção, representando em torno de 34% da produção nacional. É um setor que tem gerado muita renda para o estado.

 

ASSESISP: Em 2016, a produção brasileira contabilizou 39 bilhões de ovos, o que fez com que o Brasil ficasse em sétimo lugar no ranking mundial do setor. Como esses números ainda podem melhorar?

 

José Roberto: De fato, em 2016 nós tivemos por volta de 39,8 bilhões de ovos. Em 2017, houve uma queda de produção para 39,1 ou 39,2%, mas em 2018 o crescimento voltou. A avicultura de produção de ovos está em uma crescente na produção dos ovos e no consumo. Não acreditamos que o consumo irá atingir os mesmos níveis do passado - em torno 5% ou 8%.

Na conjuntura atual, as pessoas com um menor poder aquisitivo tendem a procurar proteínas mais baratas, como o ovo e em seguida o frango. Numa situação dessas, se houver um crescimento muito forte no poder aquisitivo, as famílias migram do ovo para o frango, do frango para o suíno e do suíno para a carne bovina. Essa é a escala de crescimento. 

 

ASSESISP: Grande parte dos ovos produzidos no Brasil são consumidos internamente mesmo.  O mercado de exportação de ovos é forte? Para quais países o Brasil mais exporta?

 

José Roberto: 99,5% do ovo produzido no Brasil é consumido aqui dentro mesmo. Nossa exportação representa menos de 0,5% da nossa produção. O ovo processado é muito pouco exportado. O que mais se exporta é o ovo in natura para alguns países da África e do Oriente Médio. Mesmo assim, a nossa participação no mercado de exportação é muito baixa.

 

ASSESISP: No último ano, o consumo per capita foi de 192 ovos e a previsão é de que este ano chegue a 200. As informações da Embrapa Suínos e Aves demonstram que a demanda pela proteína segue estável e crescente, com média de 5% por ano. O que isso significa para o setor?

 

José Roberto: Em 2018, o consumo chegou perto de 208 ovos per capita, mas daí para a frente o crescimento será menos acentuado. A média de 5% foi no passado, daqui adiante ficará nos seus 2% e 3% ao ano, segundo a situação econômica atual.

 

ASSESISP: Segundo a Embrapa, em 2017, São Paulo foi o maior produtor de ovos, com 982.700 no total, bem à frente de Minas Gerais (a segunda colocada no ranking brasileiro), que produziu 317.067 ao todo. O que favorece esse setor em São Paulo?

 

José Roberto: Não sei afirmar se este número está correto, mas São Paulo é o maior produtor de ovos. Minas Gerais, o segundo colocado, tem menos da metade do que produz São Paulo. O que favorece esse setor no estado é primeiramente a tradição de produção. São Paulo é o berço da avicultura nacional, nós nos mantivemos na vanguarda dos ovos de consumo. Na área de material genético, São Paulo também é o estado mais importante.

No frango, São Paulo deixou de ser um grande produtor devido à dificuldade de obtenção de grãos. Além disso, os custos dos terrenos são muito elevados, então é preferível fazer outra atividade que dê mais rentabilidade do que o frango.

 

ASSESISP: Revendedoras paulistas estavam vendendo bandejas de 30 ovos por um preço 30% abaixo do que estava sendo comercializado em 2017. A que você atribui esta queda no preço dos ovos?

 

José Roberto: No final do ano, tivemos intervenção do serviço de inspeção federal em um dos frigoríficos que mais abatem galinha de descarte e isso reduziu para menos do que a metade a capacidade desse frigorífico. Dessa forma, não se conseguiu fazer os descartes necessários e devidos na reposição do plantel. Isso fez com que galinhas velhas continuassem produzindo sem poderem ser descartadas, o que gerou uma sobreoferta de produto.

Depois das festas de final de ano, existe uma baixa normal do consumo, principalmente devido ao calor. Isso afetou ainda mais a situação, pois, a cada caixa de ovo vendida, tinha-se uns 30 ou 40 reais de prejuízo, dependendo de cada estabelecimento.

Entretanto, agora, no final de fevereiro, houve autorização para o descarte, ou seja, mesmo que não se aproveite a carcaça das aves de descarte para consumo humano, ela poderia ir para a graxaria. Dessa forma, normalizou o plantel nacional e os preços voltaram a subir. Existe ainda uma sobreoferta de produção, mas acreditamos que até metade de abril ela esteja normalizada.